sexta-feira, 27 de novembro de 2009

INVERNO




Quando o inverno chegar

Qualquer raio de sol será motivo

Para o teu sorriso

Para o meu sonhar

As folhas deixam seu solene aviso

O vento em si carrega o paraíso

Que esse amor traz o calor consigo

E não há frio capaz de o esfriar
Porque quando o inverno chegar

Lá estarás para me acompanhar.

A fábula da convivência



Durante uma era glacial, muito remota, quando parte do globo terrestre esteve coberto por densas camadas de gelo, muitos animais não resistiram ao frio intenso e morreram indefesos, por não se adaptarem às condições do clima hostil. Foi então que uma grande manada de porcos espinhos, numa tentativa de se proteger e sobreviver, começou a se unir, a juntar-se mais e mais. Assim, cada um podia sentir o calor do outro. E, todos juntos, bem unidos, agasalhavam-se mutuamente, aqueciam-se, enfrentando por mais tempo aquele inverno tenebroso. Porém, vida ingrata, os espinhos de cada um começaram a ferir os companheiros mais próximos, justamente aqueles que forneciam mais calor, aquele calor vital, questão de vida ou morte. E afastaram-se feridos, magoados, sofridos. Dispersaram-se, por não suportarem por mais tempo os espinhos dos semelhantes. Doiam muito... Mas, essa não foi a melhor solução. Afastados, separados, logo começaram a morrer congelados. Os que não morreram voltaram a se aproximar, pouco a pouco, com jeito, com precauções, de tal forma que, unidos, mínima, mas o suficiente para conviver sem magoar, sem causar danos recíprocos. Assim, suportaram-se, resistindo à longa era glacial.
Sobreviveram!

Quem Me Levará Sou Eu


Amigos a gente encontra
O mundo não é só aqui
Repare naquela estrada
Que distância nos levará

As coisas que eu tenho aqui
Na certa terei por lá
Segredos de um caminhão
Fronteiras por desvendar
Não diga que eu me perdi
Não mande me procurar
Cidades que eu nunca vi
São casas de braços
A me agasalhar

Passar como passam os dias
Se o calendário acabar
Eu faço contar o tempo outra vez,
Sim, tudo outra vez a passar

Não diga que eu fiquei sozinho
Não mande alguém me acompanhar
Repare a multidão precisa
De alguém mais alto a lhe guiar

Quem me levará sou eu
Quem regressará sou eu
Não diga que eu não levo a guia
De quem souber me amar..



 

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

QUANDO EU MORRER











Quando eu morrer, reabra este caderno.
Leia estes versos para os que amei.
Diga que eu cri em Deus, que cri no que é eterno,
E que no eterno um dia eu estarei.
Quando eu me for, que vida terá ido?
A que sonhei? Que tive? Que fingi?
Que falarão de mim? O que será escondido?
E o que, não dito, falará por si?
Quando os meus olhos já não mais mirarem,
Quando meus lábios não cantarem mais,
E o respirar cessar, e as pulsações pararem,
O que, de fato, deixarei pr'a trás?
Leia estes versos com mais melodia,
E se chorarem, não seja por mim;
Perpétua foi e é a poesia.

Por Ivana S Kennedy

terça-feira, 24 de novembro de 2009

TENHO FOME DE VOCÊ


Tenho fome de sua boca,
de sua voz, de seus cabelos
Pelas ruas ando calada
O pão não me sustenta
A aurora me desequilibra
Busco o som de seus pés
Tenho fome de seu sorriso
De suas mãos
Quero comer sua pele
Como uma intacta amêndoa
E vou buscando no crepúsculo
Seu coração ardente
Como um puma
Na solidão da pedreira



Poema de Rosinéri

Linda Rosa


Pior que o melhor de dois
Melhor do que sofrer depois
Se é isso que me tem o certo
A moça de sorriso aberto
Ingênua de vestido assusta
Afasta-me do ego imposto
Ouvinte claro, brilho no rosto
Abandonada por falta de gosto
Agora sei não mais reclama
Pois dores são incapazes
E pobres desses rapazes
Que tentam lhe fazer feliz
Escolha feita, inconsciente
De coração não mais roubado
Homem feliz, mulher carente
A linda rosa perdeu pro cravo


Se é isso que me tem o certo
A moça de sorriso aberto
Ingênua de vestido assusta
Afasta-me do ego imposto...


A linda rosa perdeu pro cravo
Homem feliz, mulher carente

Maria Gadú
Composição: Gugu Peixoto / Luis Kiari

sexta-feira, 20 de novembro de 2009

Altar Particular




Meu bem que hoje me pede pra apagar a luz
E pôs meu frágil coração na cruz
No teu penoso altar particular
Sei lá, a tua ausência me causou o caos
No breu de hoje eu sinto que
O tempo da cura tornou a tristeza normal
E então, tu tome tento com meu coração
Não deixe ele vir na solidão
Encabulado por voltar a sós
Depois, que o que é confuso te deixar sorrir
Tu me devolva o que tirou daqui
Que o meu peito se abre e desata os nós
Se enfim, você um dia resolver mudar
Tirar meu pobre coração do altar
Me devolver, como se deve ser
Ou então, dizer que dele resolveu cuidar
Tirar da cruz e o canonizar
Digo faço melhor do que lhe parecer
Teu cais deve ficar em algum lugar assim
Tão longe quanto eu possa ver de mim
Onde ancoraste teu veleiro em flor
Sem mais, a vida vai passando no vazio
Estou com tudo a flutuar no rio esperando a resposta ao que chamo de amor