quinta-feira, 19 de maio de 2011

O Guardador de Rebanhos, ( Alberto Caeiro)

  • “Sou um guardador de rebanhos,
  • O rebanho é os meus pensamentos
  • E os meus pensamentos são todos sensações.
  • Penso com os olhos e com os ouvidos
  • E com as mãos e os pés
  • E com o nariz e a boca.
  • Pensar uma flor é vê-la e cheirá-la
  • E comer um fruto é saber-lhe o sentido.
  • Por isso quando num dia de calor
  • Me sinto triste de gozá-lo tanto,
  • E me deito ao comprido na erva,
  • E fecho os olhos quentes,
  • Sinto todo o meu corpo deitado na realidade,
  • Sei a verdade e sou feliz.”
  • “Olá, guardador de rebanhos,
  • Aí à beira da estrada,
  • Que te diz o vento que passa?
  • Que é vento, e que passa,
  • E que já passou antes,
  • E que passará depois.
  • E a ti o que te diz?
  • Muita cousa mais do que isso.
  • Fala-me de muitas outras cousas.
  • De memórias e de saudades
  • E de cousas que nunca foram.
  • Nunca ouviste passar o vento.
  • O vento só fala do vento.
  • O que lhe ouviste foi mentira.
  • E a mentira está em ti.”
  • (Cantos IX e X, de “O Guardador de Rebanhos”, 1914)

Alberto Caeiro foi o primeiro heterônimo a surgir – e o único a morrer (de tuberculose) por obra do seu criador. Deixava confuso Fernando Pessoa, homem da cidade, exatamente por ter enorme apego ao campo, à natureza, a ponto de ter escrito um longo poema chamado “O Guardador de Rebanhos”. Mesmo assim, Pessoa o elegeu mestre dos heterônimos. Apoiada na experiência sensorial, sua poesia procura alcançar um ideal: desaprender o foi aprendido para poder conhecer a si mesmo, ao outro e ao mundo. Para saber mais sobre Fernando Pessoa e seus heterônimos, leia a entrevista com Fernando Segolin, professor de Pós-Graduação de Literatura e Crítica Literária da PUC-SP e “pessoano” por excelência

quarta-feira, 4 de maio de 2011

Saudades de Francisco Gutemberg

  • ...Sempre passo por lá,
  • lá naquele banco da praça,
  • onde nos encontrávamos para conversar,
  • até altas horas sem se preocupar,
  • hoje o banco não existe,
  • somente uma placa com nome de praça,
  • é perigoso até de dia passar.
  • ...Sempre passo por lá,
  • lá nas lembranças de criança,
  • onde havia esperança de um mundo melhor,
  • onde existia a magia,
  • tenho medo que as lembranças sumam,
  • e que coisas ruins tomem seu lugar,
  • mas enquanto elas ainda existem em mim
  • continuarei passando por lá.
Um enorme beijo no teu coração meu querido Gordo.

Paixão é isso

  • Para quem sente a Paixão:
  • aos sonhadores a dor,
  • aos perdedores a revolta,
  • aos céticos o riso,
  • aos amantes a desilusão.
  • A Paixão é curta, ela se desenvolve no desejo, ela se destaca nos cheiros, da excitação, da loucura, do ciúme, ela nos envolve por inteiros.
  • A Paixão é uma loucura, ela é uma doença benigna, ela nos adoece, nos entristece, e nos faz de tolos, mas como é bom ser louco.
  • A Paixão é isso, uma bomba prestes a explodir, um gosto de quero mais, um choro da partida, um rio de vontades, a Paixão é fogo, Paixão é vida.
  • A paixão é a melhor maneira de sabermos que ainda estamos vivos. Apaixone-se.
  • "Adilson Costa"

Azul-marinho

  • Por que não faço parte do teu carinho? Talvez eu tenha te amado um tanto demais Imaginei nossos olhos quase imortais Porém só meu olhar esteve sozinho Sem receber flores, apenas sobrou espinho Que atingia meus sonhos mais mortais De te ver dos começos aos finais Num céu tão azul quanto azul-marinho Saiba que ainda te espero mais linda Quando descobrires pouco da verdade Saberás que sempre serás tão bem-vinda Que vontade de ódio será amizade Se não descobriu que te amo ainda É porque não conheceu a felicidade.

POR TI EU SUSPIRO E BABO

  • Meu Deus! Bela como é que pode?
  • Meu coração quase que explode
  • Quando te vi passar desfilando,
  • Meus olhos quase pularam no chão
  • Pra seguir-te os passos no calçadão,
  • Como parazzis te assediando!
  • Bela, por ti eu suspiro e babo,
  • Pois vejo em ti de caba a rabo,
  • Tudo que um homem mais quer,
  • Eu juro e até faço aposta
  • Que existe homem que não gosta
  • Da gostosa fruta chamada mulher!
  • Antonio Galdino

Se eu não escrever.

  • A palavra me caça...
  • Pelas esquinas da vida...
  • Seduz...
  • Invade...
  • Então convenço-me.
  • Se eu não escrever...
  • Terei dias sombrios, frios.
  • Minha vida será sem sentido.
  • Deixarei de sorrir com meus afetos.
  • Se eu não escrever...
  • Eu deixarei de existir para a poesia.
  • Deixarei de ser um ser vivo pra emoção.
  • Os dias serão sem cor, sem dor, sem amor.
  • Se eu não escrever...
  • Morrerei a cada crepúsculo...
  • Habitarei as sombras da vida...
  • Esquecerei o que é prazer do viver...
  • Se eu não escrever...
  • Meu mundo se apagará feito nuvens.
  • Minha alma, meu ser sangrarão em vão e vão...
  • Deixarei de existir para o fascinante...
  • Para o Amor, deixarei de existir...
  • Morcegos sugarão a inspiração...
  • Invadirá em mim a neurose, a demência...
  • A loucura já não será mais minha cura.
  • A dor será real, a paixão só platônica...
  • As rimas da vida sem som, ritmo, vazia.
  • Só se eu não escrever.
  • De: Daniel Rosa/Abril2011.

Lábios

  • Teus Lábios,
  • Amor tímido e forte
  • Inconfundíveis no silêncio,
  • Meio abertos, na plenitude da noite,
  • No encontro de teus sonhos com os meus...
  • Sem poder dimensionar tudo que eles pedem,
  • Imensidão intangível de nossas paixões,
  • Roçar languescente do sublime
  • Quando encontram os seus...
  • Tateamos pele a pele, do seco áspero
  • À umidade difusa, despindo a alma
  • Em seu desejo de continuar recruza.
  • Unidos, o sopro do vento interno
  • Sem respirar, apenas suspiro
  • O amor infinito, terra fecunda
  • Do desejo purpurejante,
  • Salivando, doce alimento
  • Que semeia o olhar.

Coisinha Boba

" Você é o sol e eu sou a lua, nos eclipses do amor, minha boca beija a sua "